Crescimento físico e desenvolvimento: controvérsia Hereditariedade vs Meio

Entende-se por hereditariedade um conjunto de potencialidades que o indivíduo possui e que são herdadas no momento da concepção, enquanto por meio/cultura considera-se um conjunto de elementos que nos planos fisiológico, sensorial e sócio-cultural influenciam o desenvolvimento do indivíduo.

 Neste campo, os estudos mais utilizados actualmente são estudos de gémeos. Estes estudos são estudos comparativos que assumem duas formas ou modalidades – comparação entre as características psicológicas e os comportamentos de gémeos idênticos e de gémeos dizigóticos; comparação dessas características e comportamentos em gémeos idênticos educados separadamente. A versão que desperta mais entusiasmo juntos dos investigadores é o estudo de gémeos idênticos separados – por alguma razão – ou à nascença ou nos primeiros tempos de vida.

Hoje em dia, há consideráveis evidências de que ambos os factores – genéticos e ambientais – desempenham um papel importante, ou seja, de que o nosso comportamento resulta de um condicionamento multifactorial. Relativamente a este ponto penso que não há muita controvérsia. Maior controvérsia existe quanto ao peso relativo de cada um dos factores, ou seja, quanto à importância relativa do seu contributo: qual é mais importante – hereditariedade ou meio? Contudo, a resposta de vários psicólogos aponta que entre o inato e o adquirido não há competição, mas sim interacção.

A inteligência pode, também, levantar uma questão: hereditariedade ou meio? Qual o mais importante? De facto, quase todos os psicólogos concordam em que a hereditariedade e o meio são determinantes do nível de inteligência de cada indivíduo. As discordâncias surgem, mais uma vez, ao nível do peso de cada um factor.

Quando se coloca o problema do peso relativo da influência do património genético e do meio na determinação da inteligência, a questão é traduzível nos seguintes termos: herdamos essencialmente dos nossos progenitores o nosso nível intelectual ou é este fundamentalmente determinado pelo meio?

Existem estudos que provam o papel importante da hereditariedade e do meio na determinação da inteligência. Pela hereditariedade os estudos são:

1.      O Q.I. de gémeos idênticos educados no mesmo meio apresenta mais semelhanças do que o Q.I. de gémeos dizigóticos, de irmãos e de irmãs e de primos.

Assim, quanto maior é semelhança genética entre os indíviduos tanto mais semelhante é o seu Q.I.

O Q.I. de gémeos idênticos educados juntos apresenta uma correlação de +0.90, enquanto o de irmãos apresenta uma correlação de +0.50 e o de primos de +0.15.

Uma vez que os gémeos idênticos são intelectualmente mais parecidos do que os gémeos dizigóticos e desenvolvendo-se ambos os tipos de gémeos em condições ambientais semelhantes, concluem os investigadores que as diferenças quanto ao nível de inteligência evidenciam o papel da hereditariedade.

2.    O Q.I. das crianças adoptadas assemelha-se mais ao dos pais biológicos do que ao dos pais adoptivos.

Se a inteligência não fosse fortemente influenciada por factores genéticos, biológicos, o Q.I. das crianças adoptadas estaria mais próximo do Q.I. dos seus pais adoptivos.

A correlação entre o Q.I. de crianças adoptadas e dos pais biológicos é de +0.40 a +0.50, ao passo a correlação entre o Q.I. de crianças adoptadas e dos pais adoptivos é de +0.10 a +0.20. (Jencks, 1972; Munainger, 1978). Quanto maior a correlação mais forte a relação entre as variáveis. Neste caso, há uma maior relação entre hereditariedade e inteligência do que entre meio e inteligência.

 

Existem, no entanto, estudos que comprovam a influência do meio na inteligência:

1.    Crianças sem qualquer grau de parentesco que são educadas no mesmo ambiente familiar (estudo das adopções) revelam uma significativa semelhança quanto ao seu Q.I.

2.    Meios cultural e intelectualmente estimulantes contribuem para melhores resultados (em testes de Q.I.) dos que neles vivem em comparação com os que vivem em ambientes muito pouco estimulantes.

Em suma, impõe-se actualmente a convicção de que a hereditariedade estabelece limites intelectuais ao determinar o potencial genético, mas que dentro desses limites não fronteiras fixas, sendo o meio responsável pela sua ultrapassagem ou não.

 

 

Vídeo sobre a hereditariedade

 

Vídeo sobre o meio